segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Educação de casa a gente leva a praça



Precisando finalizar relatório de um espetáculo e iniciar a divulgação de um longa, o tópico mais debatido na minha última reunião não tinha nada haver com nossa pauta: a falta de educação, de gentileza de alguns seres humanos.

Não é a ausência do sorriso para um estranho, a saudação para o motorista de ônibus, o pedido de licença para entrar na sala do chefe, mas a falta de tato nas coisas mais simples e corriqueiras do dia a dia. Sejam elas esperadas ou não.

O fato é que as pessoas, além de mal educadas, estão agressivas. O pedido de licença geralmente vem acompanhado de um empurrão. Se você estiver no cinema tem aqueles que espertamente furam a fila. E se você, ousar, reclamar ganhará no mínimo um olhar raivoso. Se o assunto é estacionamento, nada de respeitar as regras de trânsito. Bom senso, exemplo, que nada! Isso está em extinção na sociedade atual. E olhe que nem mencionei o lixo jogado no chão.

A mãe joga lixo na esquina de casa, o pai pela janela do carro, a filha repete o gesto por achar lindo ver os papeizinhos coloridos soltos pelo ar. Poderia até soar poético se não fosse absurdo, irritante ver esses pequenos seres sendo espelho do mau costume dos pais.

Educação, gentileza, atenção, respeito não estão fora de moda. Apenas alguns preferem ficar fora da tendência de fazer do mundo um lugar melhor. Esquecendo que o problema aqui é de todos, embora a responsabilidade seja de cada um.

Fica aqui o incentivo: vamos saudar as pessoas na rua, cumprimentar o segurança da loja ao lado, agradecer pela informação recebida, olhar nos olhos, escutar o próximo, ensinar aos pequenos sobre cordialidade, sorrir quando for solicitar algo, agradecer quando for atendido, reconhecer quando estiver bem feito, e, lógico, se nesse meio tempo resolver atravessar uma praça num dia de sol e aproveitar para tomar um sorvete, não esqueça que o lugar do guardanapo é no lixeiro ao lado.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Os primeiros laços de amizade




Outro dia uma amiga estava preocupada porque a filha não tem amigos. A criança com pouco mais de 8 anos ainda não estabeleceu laços de amizade com ninguém na turma do colégio. Estranho poderia afirmar, mas quando conheci a pequena enxerguei a criança linda que ela é.

Educada, inteligente, desenrolada. Entre uma conversa e outra ela confidência que sente frio de apreensão no estômago esperando o recreio. Então ela finge estar ocupada com alguma coisa que prefere fazer sozinha. Timidez, certamente!

O fato é que algumas crianças são maldosas. Pequenos monstros. O que pode causar insegurança em uma menina que recentemente estudava no interior. Mas não quero falar sobre violência física ou psicológica, intencionais e repetidas que diariamente várias crianças sofrem caladas por medo de serem cada vez mais perseguidas.

Quero falar da infância que deixa boas lembranças, das brincadeiras nos finais de tarde, das férias no litoral, das viagens, das descobertas, dos doces momentos que a gente vivia com certa irresponsabilidade. E no meu caso, tudo isso foi vivenciado ao lado dos meus primos.

Férias, carnaval, formatura do ABC, batizado, natal, final de ano, tudo, tudo, tudo com a família reunida. Com sete meninas e sete meninos, os anos 80 foi uma época divertida para gente compartilhar. Passamos pelo atari, a Barbie e o autorama. Brincamos de pega, sinuca e gato mia. Fizemos barracas usando lençóis. Conhecemos junto parte do litoral pernambucano e alagoano até meados dos anos 90. Não tenho lembrança que eles não estejam.

Brigas, desentendimentos, repreensões. Acordos de paz, desculpas, esquecimentos. Hoje, amizade e saudade. Alguns deles já casaram, outros tiveram filhos. Tem aquela que está esperando o primeiro rei, os que viraram empresários, a que trabalha nos três turnos e ainda é mãe e esposa, a que segura às pontas de casa, o que virou cantor, os que continuam juntos dia a dia em uma rotina deliciosa de se viver.

Não foi na escola que constitui os primeiros laços de amizade. Aos 8 anos eu já tinha os amigos de uma vida. E eles não estavam na sala de aula, no meu recreio. Eles tinham meu sangue. A procura fora era inútil. E ansiedade no estômago eu só sentia momentos antes de meus pais me levarem para casa das minhas tias. E tudo isso porque meus primos faziam da minha infância um lugar melhor.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Na reta final



Precisei assistir o último debate dos candidatos à presidência. E embora já tenha – quase - certo meu voto, vez por outra ainda fico em dúvida. Será a primeira vez que votarei por exclusão, e isso me aflige.

Desde 89, minha “primeira” eleição, eu tinha um candidato. Lula fez parte da minha infância. Lembro de ficar parada em frente à televisão e cantar junto com Gil, Chico e Djavan o jingle da campanha. Lembro de acompanhar meu pai nos comícios do PT e lembro a torcida contra de minha mãe. Isso porque lá em casa a disputa - mesmo com 22 candidatos - se restringia a Lula versus Brizola. 

No entanto, só em 98 pude, finalmente, dar meu primeiro voto a ele. E só em 2002 comemorei a vitória que demorou 13 anos para acontecer. Ele, agora presente em minha juventude, me dava à certeza que tudo daria certo.

Mas hoje, votar em sua candidata, que dúvida. E olhe que leio os jornais, pesquiso na internet, me informo, analiso propostas, vejo quem apóia, e mesmo assim, ainda assim, confesso que não sei.

Não é mistério para ninguém que o grande atributo de Dilma é ser a indicada de Lula. Com aprovação beirando os 80%, segundo última pesquisa CNI publicada, Lula funciona como um ótimo avalista. Entretanto, acho temeroso depender “apenas” de sua opinião.

Quero votar consciente de minha escolha como fiz nos últimos anos. E o receio que a criatura se volte contra o criador é enorme. Até lá fico entre duas candidatas. E, dentre as duas, só domingo decidirei.