quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Arte de Cozinhar



Cozinhar para mim sempre foi um grande desafio. Primeiro, porque não gosto, e segundo, porque não gosto. Admiro quem sabe, elogio e até incentivo. Mas sempre fui adepta ao lema: tu cozinhas e eu lavo. Só não fazia isso de bom agrado quando minhas unhas haviam sido recentemente feitas.

No entanto, faz alguns dias que tenho pensando e até me esforçado para sair da minha especialidade: água quente. Resolvi que vou cozinhar, ou melhor, aprender. Não todo dia, porque afinal nem todo dia é santo. Mas hoje foi um dia de luz, de inspiração, de descobrir meus dotes e reunir meus sentidos. 

Acordei cedo, separei os ingredientes e rezei para o padroeiro dos cozinheiros. Sim, ele existe. E atende pelo nome de São Lourenço. A receita escolhida foi um creme de galinha sugerida pela minha prima Virgínia. Que embora distante me indicou, pacientemente, todos os passos que deveria seguir.

Vamos aos ingredientes:

1 Peito de Frango
1 Tomate
½ Cebola
¼ Pimentão
E todos aqueles temperos que irão dar gosto e sabor ao frango (cuminho, coloral, alho e um tablete de caldo de galinha)
1 lata de ervilha e milho verde
500 ml de leite
3 Colheres de Amido de Milho (Aprendi recentemente que amido de milho é Maizena)

Modo de Preparo:

Tempere e refogue o frango com tomate, pimentão, cebola, alho e caldo de galinha.
Depois desfie o frango e reserve o caldo.
Bata no liquidificador uma xícara do caldo do frango.
Em outra panela refogue ½ cebola (cortada bem fininha) junto com duas colheres de manteiga.
Adicione 500 ml de leite e as 3 colheres de Maizena. Misture bem (até virar uma papa), e em seguida adicione o caldo batido no liquidificador, o milho verde e a ervilha.
Por fim despeje o frango desfiado ao molho em uma travessa e polvilhe-o com queijo ralado.

E Bon Appéti!

Servi o creme junto com arroz branco refogado (também feito por mim) e batata palha. E quando achei que tudo tinha dado super certo, afinal de contas não me cortei, não me queimei e muito menos incendiei a casa, escutei comentários que a cebola do molho branco não estava refogada. Paciência né? Para uma iniciante na arte culinária, modéstia à parte, até que fui bem.

domingo, 22 de agosto de 2010

Pequenos Prazeres


Conversa fiada. Brigadeiro morno na panela. Chuva fina. Beijo de mãe. Benção de avó. Natal em família. Viagem pelo sertão. Abraço de pai. Gargalhada de irmã. Encontro. Reencontro. Cinema. Cheiro de livro. Domingo de sol. Página em branco. Escrever. Riso. Trocar confidências. Chegar em Arcoverde. Céu azul. Amigos. Ganhar no ludo. Matar saudade. Olhos nos olhos. Receber carta. Dia feliz. Dançar ao som da Academia da Berlinda. Trabalho concluído. Primeiro dia de férias. Sushi. Vatapá de tia Vera. Rúcula e tomate seco. Revelar foto. CQC. Beijo na boca. Sonho realizado. Felicidade alheia. Ler antes de dormir. Andar descalça. Xérem com galinha. Cheiro de Calú. Xuxa no sábado de manhã. Caldeirão no sábado à tarde. Cachorro quente de Dyne. Torpedo. Boas notícias. Ser surpreendida. Fazer surpresas. Falar besteira. Lambida de Pretinho. Algodão doce. Carnaval em Olinda. Vitória do Santa. Passeio em final de tarde. Banho de mar. Toque suave. Chocolate branco. Cafuné sem pressa. Dançar com rosto colado. Sentar na grama. Banho morno e demorado. Planejar viagens. Olhar as pessoas amadas quando estão dormindo e fazer declarações de amor sem dizer uma palavra.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Por mim, por vocês.


Conversando com uma amiga essa semana, ela me perguntou se eu não sentia saudade dela. Lógico que sinto! E sinto de verdade. Sinto falta da presença, das confidências, da energia, dos risos. Mas nada disso são argumentos válidos quando simplesmente não retorno as ligações, não respondo recados, torpedos e muito menos e-mails. E isso não é um caso particular. Sou assim com todos.


Não é falta de interesse. É descuido mesmo. Eu penso, escrevo, apago, salvo nos rascunhos e depois esqueço. Prometo ligar. Pego o telefone, vou até o nome na agenda e me perco no que estava fazendo. Marco de encontrar. Esqueço o dia. Prometo, juro, faço promessa de me redimir, mas não adianta.


Justifico. Sou desculpada. Mas tem hora que a corda arrebenta. Sou ameaçada. Eles prometem não mais me procurar, riem na minha cara quando digo que dessa vez será diferente, mas não adianta. Ninguém mais me leva a sério.


Pensando nisso senti medo que eles não mais me liguem, não insistam pela minha companhia, não me procurem pra dividir, compartilhar, somar. Cheguei a uma conclusão: quero mudar. Quero de verdade. Por isso hoje fiz uma listinha das pessoas que estou em falta.


Renatinha, Cris, Claudinha, Nunu, Mariana, Davi, Bella, Vida, Naná, Priscila, Mirthis, Flavinha, KFernando, Alan, Olga, Flavinha (Chucrute) e minha amiga Morgana, que virou mãe e sumiu da minha vida.

sábado, 7 de agosto de 2010

Meu Norte


Meu pai sempre foi um homem de poucas palavras e de raras demonstrações públicas de carinho. É raro vê-lo sorrir até perder o fôlego, é raro o beijo sem falar nada e mais raro ainda é o abraço sem motivo. Confesso que em alguns momentos senti falta, mas aprendi a respeitá-lo exatamente assim. Afinal nunca o vi diferente disso.

Cresci escutando a história que no momento do meu nascimento meu pai estava jogando bola. Ele não estava no corredor do hospital pulando de alegria, nem muito menos acendendo charutos com os amigos na Praça da Bandeira. Não houve risos em excesso, não houve lágrimas. Mas não o culpo, porque nem no sexo fui novidade, ele já tinha três filhos (Dois meninos e uma menina). Não o surpreendi. Cheguei ao seu mundo sem nada muito novo.

Vendo por esses pontos alguém pode achar que tudo isso resultou numa relação fria e distante, mas não é. Hoje, além de sermos pai e filha, somo amigos. Alimentamos nossa relação desde sempre. Desde o tempo que ele chegava do trabalho e buzinava para que eu sentasse em seu colo pra dirigir o carro até a garagem; desde o momento de lhe tirar as meias depois de um dia de trabalho; desde a mão estendida quando eu sentia medo; desde o sapinho e a cobrinha zigue zagueando as ruas durante passeios em finais de tarde; as canções durante as viagens; as ligações triviais de todos os dias.

Na companhia do meu pai passei a amar a sétima arte, o futebol e tempos mais tarde o Santa Cruz. Sim, sim, virei a casaca por vê-lo pular de alegria em pleno estádio do Arruda. O motivo do espanto é que nunca vi meu pai pular nem na festa de Momo.

Para passar mais tempo ao seu lado, inconscientemente, passei a gostar do seu gosto. Adquiri alguns de seus hábitos. Minha mãe costuma dizer que me vendo parece que está vendo a ele. Mas não sou toda ele, nem fisicamente devo admitir. Meu irmão Dido sim, é sua cópia! (Embora só através destas palavras escritas consiga admitir isto.), meu irmão Juliano carrega seus gestos e modo de falar, minha irmã Luciana carrega o que não pode ser visto, minha irmã Martina sua boca e já Carol o que só o tempo poderá me mostrar.

Do meu pai não sei o que de fato carrego, porque às vezes sou apenas uma extensão dele. O que fortalece ainda mais a certeza que meu amor por ele transcende a própria vida.

p.s: Todo lindo, feliz aniversário!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Pedacinho de chão


Quem me conhece sabe da minha paixão por cinema e da preferência por filme alternativo.

Adoro a sensibilidade e o humor do cinema francês. Do japonês a fotografia contemplativa. Do argentino a maneira como ele se aproxima da vida cotidiana. E do nacional gosto de quase tudo que fuja do contexto social, ou melhor, da favela. Com algumas exceções, claro! Até porque minha monografia foi um estudo sobre a obra de Fernando Meirelles, Cidade de Deus.

Mas esta semana foi uma produção australiana que me tocou, Mary and Max. Quem ainda não assistiu, deve assistir correndo ao trabalho de Adam Elliot. O longa é uma animação em stop motion que se revelou uma dessas agradáveis surpresas que o cinema nos reserva.

A história é baseada em fatos reais, sobre a amizade entre um novaiorquino de 44 anos e uma menina australiana de oito. Ele é um senhor que sofre da Síndrome de Asperger, tracado em sua casa, seus pensamentos lógicos e seu vício em cachorro quente de chocolate; Ela é gordinha, desajeitada e muito curiosa. Ambos são cheios de pensamentos filosóficos sobre a vida, que só diferenciam-se pela diferença de idade.

Apesar de triste, o filme encanta do começo ao fim. E nos faz lembrar como é importante ter alguém para dividir, compartilhar, se perder, se achar, mas principalmente se reencontrar. Hoje, por exemplo, foi um dia cansativo, mas recebi uma mensagem que dizia assim: saudade de todo dia! E das tuas gargalhadas.

Uma coisa simples, mas que pra mim valeu como um abraço. E abraço de amigo é como um ramo de felicidade. Aos meus, dedico meu amor!