Quando decidi dividir apartamento com um amigo não pensei muito no que isso implicaria. Pensei apenas nas intermináveis conversas que iríamos ter, na cumplicidade, nos risos e na companhia que faríamos um ao outro quando estivéssemos perdidos dentro de nós mesmos.
Não levei em consideração que a mudança não era só de casa, mas também de bairro. O que para mim foi o mais complicado. Troquei Candeias por Boa Viagem. Troquei de padaria. Troquei o lugar de sempre da praia. Troquei a locadora. Troquei os vizinhos. Troquei os caminhos que percorri diariamente durante 15 anos.
Pode parecer besteira, mas para mim inicialmente foi complicado. Era como se tivesse deixado mais uma vez os meus. E de certa maneira deixei. Isso porque antes desta mudança morei na casa da minha amiga-irmã. O que foi bom. Lá continuava dentro da estrutura familiar. Tinha um pai e uma mãe. Tinha uma irmã. E tinha até um cachorro pra chamar de meu. Tudo emprestado, mas tudo cedido com amor. Hoje passei a ser filha, irmã, neta, sobrinha, prima de verdade destes. E não tinha como ser diferente. Não no meu coração.
Mas com a necessidade de seguir, de tentar, de aprender aceitei o convite inesperado de Thiago. Ele o fez entre uma conversa e outra. E embora em dúvida, disse sim. Hoje percebo que foi a decisão mais acertada que poderia ter tomado naquele instante. Dividir meus dias, minhas mudanças de humor, medos, inseguranças, minha vida com ele e Thaís foi a melhor coisa que poderia ter escolhido naquele momento.
Candeias continua nos meus planos futuros. Um dia volto, mas hoje me sinto feliz onde estou.